O campo da arte se torna cada vez mais amplo e sem fronteiras, por isso a mudança significa uma reforma considerável nos padrões instituídos, bem como no pensamento dos espectadores. A arte é um veículo independente de comunicação, um espaço de transição. A cidade participa da arte, não como uma galeria, mas envolvendo-se organicamente com ela, sendo impossível o desligamento com o sistema das artes.
Podemos perceber que a arte caminha com a história, que sempre nos acompanha, relatando fatos de cada época. Quando a história nos contava sobre a corte, a arte nos refletia isso também, anos após, a exploração de terras e do trabalho, com certeza a arte retratava da mesma maneira, pois como já foi mencionado a arte e a vida caminham juntas, portanto fazemos parte de uma história que não se separa da arte e vice-versa.
Nos dias atuais a arte vai além, será que podemos dizer que as pessoas também foram além do habitual, do normal, mas também pode se dizer que as pessoas foram além de si mesmas. Vivemos em uma sociedade de consumo, onde o ter prevalece sobre o ser, onde tudo pode e nada pode ao mesmo tempo, um lugar onde as pessoas simplesmente sobrevivem, indo em busca de bens de consumo, vivendo para o trabalho e não simplesmente para ser feliz e fazer os outros felizes. A sociedade atual está carente de valores morais, onde a vida se transformou em mecânica, seres humanos agem automaticamente, sem precisarem pensar, pois a vida virou uma rotina, na qual o ser humano, que agora parece não ser mais tão humano, realiza seus atos por hábito, porque assim a sociedade o quer. A arte contemporânea denúncia esta realidade, em busca de termos seres mais pensantes e críticos perante o mundo em que vivemos, nos desafia a pensar sobre a realidade, transformando em arte, tudo aquilo que não é óbvio aos nossos olhos, e desta maneira fazendo com que em um lapso de memória cotidiana, nos passe um filme perante nossos olhos e também em nosso consciente, buscando amenizar o sistema individualista e capitalista, mostrando que além de nós, existe um mundo que também gira e nos torna seres melhores perante si mesmos e principalmente perante a sociedade. Faz parte de nossa contemporaneidade, tempo esse que não se pode dizer ao certo até onde vai, apenas sabemos o que acontece até hoje, mas o amanhã será sempre um suspense, uma expectativa.
Esse tempo também pode ser entendido como o tempo da criatividade, da generalidade, da restauração dos elementos singulares, do local, dos dilemas, da abertura de novas potencialidades. Um tempo que se abre para uma consciência crescente da descontinuidade, da não-linearidade, da diferença, de um novo olhar, um novo pensamento, da necessidade do diálogo, da complexidade, do acaso, do desvio e do desafio, do novo, do improviso, cai por chão à técnica e o que se sobressalta é a forma, o material, o novo contexto e assim, um novo sentido, enfim, para uma ressignificação profunda das ideias compreendidas entre os seres humanos. Cada ser humano é convidado a construir uma narrativa singular do presente, e apenas por existir transcreve uma história, uma vida, e assim passa a fazer parte de seu tempo, um tempo que não volta, mas que, com certeza, fica marcado na história, seja na nossa contemporaneidade ou quem sabe haverá uma próxima, já isso cabe ao futuro decidir.
De forma ampla, a arte contemporânea engloba as características gerais e abstratas do mundo e invade tudo o que pensamos e imaginamos; mexe com nossa mente, ou seja, nosso pensar, com o que tocamos, a matéria que nos cerca, a nossa realidade; e a razão, nossa lógica, a verdade. A arte vai muito além do nosso pensamento, ela pode ser o nosso inconsciente, só ela nos permite uma viagem sem limites, onde tudo é possível, basta ver e sentir tudo o que acontece ao nosso redor.