“A arte como expressão não é apenas alegoria e símbolo. É algo mais profundo, pois procura exprimir o mundo através do artista. Ao fazê-lo, leva-nos a descobrir o sentido da cultura e da história”
(CHAUI, 2001, p.152).
Entender a arte contemporânea é aprender a olhar o mundo e os fatos com mais cuidado e mais responsabilidade, procurando analisar os seus porquês. Levando em conta isso, podemos perceber que o mundo nos questiona, e questiona o que de fato somos; será que somos seres pensantes, ou será que alguém pensa por nós? Estamos sobre a terra para viver ou apenas para passarmos os dias? Parecem ser perguntas simples, mas que mexem com o pensamento e deixam interrogações. Tudo tem um motivo e um sentido, mas a resposta deve ser encontrada dentro de cada ser humano, cada um com suas particularidades.
Desde o início do século XX, todavia, abandona-se a ideia de juízo de gosto como critério de apreciação e avaliação das obras de arte. De fato, as artes deixaram de ser pensadas exclusivamente do ponto de vista da produção da beleza para serem vistas sob outras perspectivas, tais como expressão de emoções e desejos, interpretação e crítica da realidade social, atividade criadora de procedimentos inéditos para a invenção de objetos artísticos, etc. (CHAUI, 2001, p.149)
A arte contemporânea transfigura a realidade para que tenhamos acesso verdadeiro a ela, mostra o que já sabemos, mas não éramos capazes de saber que já sabíamos, desequilibra o que está estabelecido, cria dúvidas, responde perguntas com outras perguntas, e abre sempre mais questionamentos.
Seus trabalhos artísticos, por serem totalmente diferente do considerado normal (pintura figurativa), muitas vezes são mal vistos, são prejulgados como sendo feios e sem importância; mas na verdade, eles procuram mostrar não a beleza para os olhos e sim para a alma. É preciso ver e rever, a arte contemporânea quer do espectador uma segunda olhada, fazendo assim mais uma interrogação em seu pensamento e mostrando o quanto ela interage na sociedade e na vida de seu espectador.
Muitas vezes a arte contemporânea faz nossa mente mergulhar para o inconsciente, interagindo com o eu, pensamos e nosso pensamento gera um novo pensar que volta a se questionar; nossas respostas são mais perguntas, isso faz com que o cérebro humano se exercite, sendo questionador e crítico em relação à sociedade em que se está inserido e consigo mesmo, completando assim o ciclo da arte contemporânea, e ela assim cumprindo a sua função.
Podemos perceber a amplitude da arte contemporânea, as inúmeras formas que ela tem de apresentação, e a incrível capacidade de interagir na vida das pessoas, buscando respostas e aumentando questionamentos a respeito do mundo e da forma de viver. A arte contemporânea pode invadir nossas vidas mesmo sem querer, pois, ela pode estar em todos os lugares possíveis, mostrando que tudo o que pensamos e o que fazemos tem um por que, e muitas vezes essa resposta volta para nós em forma de um novo questionamento.
É através da arte que podemos criar e recriar tudo, dar um novo sentido as coisas e até mesmo a nossa própria vida, pois se a arte contemporânea tem a função de fazer pensar, é dever de cada indivíduo pensar sobre si, e a maneira como vive esta contemporaneidade, completando assim o ciclo arte e vida e assim vice-versa, e desta maneira deixando registrada sua história.
REFERÊNCIAS
ARCHER, Michael. Arte Contemporânea: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001.